Pelé, carismático mestre do “jogo bonito”, morre aos 82 anos

O craque brasileiro disputou quatro Copas do Mundo e foi o único jogador a vencer três, em 1958, 1962 e 1970. Disse Andy Warhol: "Em vez de 15 minutos de fama, ele terá 15 séculos."

Pelé, o tesouro nacional brasileiro que nas décadas de 1960 e 1970 popularizou o futebol em lugares do planeta que ainda não haviam abraçado o “belo jogo” – em particular os Estados Unidos – morreu. Ele tinha 82 anos.

Um herói inigualável do futebol, Pelé morreu na quinta-feira, disse seu agente à Associated Press , depois de ser hospitalizado em São Paulo, Brasil, no mês passado. Ele foi diagnosticado com câncer de cólon em setembro de 2021. 

A filha dele, Kely Nascimento, postou uma homenagem ao pai no Instagram.

Pelé estourou no cenário internacional durante a Copa do Mundo de 1958, onde marcou três gols na semifinal e mais dois na final aos 17 anos, coroando uma vitória brilhante e emocionante para a seleção brasileira. Ele ganharia mais dois títulos da Copa do Mundo antes de ingressar no New York Cosmos na North American Soccer League em 1975.

Ele continua sendo o único jogador na história a jogar em três times campeões mundiais, um feito incrível considerando que 140 países disputam a Copa do Mundo a cada quatro anos.

Em 1969, o Brasil emitiu um selo postal com a imagem de Pelé em comemoração ao seu milésimo gol, e a FIFA em 1999 o nomeou o Co-Jogador do Século junto com o falecido Diego Maradona da Argentina, no mesmo ano o Comitê Olímpico Internacional o elegeu Atleta do Século. Em 1970, 900 milhões de telespectadores, então inigualáveis, assistiram a Pelé em seu último jogo televisionado da Copa do Mundo.

Até mesmo estadistas políticos comentaram sobre sua habilidade e influência. “Vê-lo jogar era ver o deleite de uma criança combinado com a graça extraordinária de um homem completo”, disse o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela em 2000.

“Os heróis caminham sozinhos, mas tornam-se mitos quando enobrecem a vida e tocam o coração de todos nós. Para quem ama futebol... Pelé é um herói”, escreveu o ex-secretário de Estado dos Estados Unidos Henry Kissinger na revista Time em 1999.

“Meu nome é Ronald Reagan, sou o presidente dos Estados Unidos. Mas não precisa se apresentar, porque todo mundo sabe quem é o Pelé”, brincou Reagan ao conhecê-lo na década de 1980. E o artista Andy Warhol certa vez comentou: “Pelé foi um dos poucos que contradisse minha teoria: em vez de 15 minutos de fama, ele terá 15 séculos”.

Em 1967, talvez no auge de sua popularidade, um cessar-fogo de 48 horas foi declarado durante a Guerra Civil da Nigéria para que ambos os lados pudessem assistir Pelé jogar quando ele visitou a nação africana devastada pela guerra. Anos depois, um ex-embaixador brasileiro na ONU disse que, durante os anos em que Pelé jogou, “ele fez mais para promover a amizade e a fraternidade mundiais do que qualquer outro embaixador em qualquer lugar”.

Na introdução à autobiografia de Pelé de 1977, Minha vida e o belo jogo , Robert Fish coloca a popularidade do atleta em perspectiva: “Mais pessoas o viram jogar futebol do que qualquer outro atleta em qualquer esporte, em qualquer lugar, a qualquer momento. Mais pessoas conhecem seu nome e rosto do que qualquer outra pessoa que já viveu; ele foi fotografado mais do que qualquer pessoa na história, incluindo estrelas de cinema e estadistas. Ele visitou 88 países, reuniu-se com 10 reis, cinco imperadores, 70 presidentes e 40 outros chefes de estado, incluindo dois papas. Ele é um cidadão honorário de mais cidades e países do que qualquer pessoa na história”.

Como muitos atletas de seu calibre, Pelé também se interessou pela atuação, principalmente interpretando a si mesmo, como quando co-estrelou em Hotshot , um filme de 1987 sobre um jogador de futebol americano que busca seu conselho. Ele também escreveu e produziu alguns filmes estrangeiros e apareceu no filme de Sylvester Stallone de 1981,  Escape to Victory . Cantor e músico, chegou a compor a trilha sonora do filme  Pelé , de 1977 .

Em 2016, Brian Grazer, da Imagine Entertainment, produziu Pelé: Birth of a Legend , que se concentrou em sua infância, e um documentário da Netflix em 2021 analisou sua vida de 1958 a 1970, quando ele passou de jovem superastro a herói nacional.

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